Tchá ou o-tchá é chá em japonês. Mas no Japão, não só os verdadeiros chás de camellia sinensis são chamados de o-tchá. Existem todo tipo de infusões como o kuromame-tchá, de uma espécie de feijão preto, mais redondo e maior que o brasileiro (o gosto não tem nada a ver também, é outro tipo de feijão) e o soba-tchá, uma infusão feita com o trigo sarraceno usado para fazer sobá, um tipo de macarrão muito bom e popular no Japão.
Trouxe um soba-tchá incrível do Japão agora. Eu nunca tinha tomado e quando fui comprar uns chás na Jugetsudo, uma loja de chá em Tsukiji, a vendedora me ofereceu para tomar e achei muito bom. Depois que eu tomei o chá, ela me ofereceu para comer os grãos em si, que eram muito bons! Eles são torrados, por isso são crocantes e um pouquinho doces. Não tive dúvidas e comprei um pacote, junto com um gyokuro e um matcha que já tinha escolhido pra levar, depois de ter passado por uma degustação. Essa loja é incrível, a vendedora (na realidade, quase uma sommelière do chá japonês) é ótima e depois de puxar uma conversa, oferece alguns chás de acordo com o que vc se interessa, que você degusta no balcão enquanto ela generosamente dá explicações e responde a perguntas. Eles têm uma filial em Paris.
Voltando ao soba-tchá, esse da Jugetsudo é de um trigo sarraceno produzido na região de Hida, “numa das paisagens mais selvagens do Japão”. Hida fica numa região montanhosa no Japão Central e seu clima é bem difícil, com muita neve no inverno. Graças à diferença grande de temperatura entre o dia e a noite, produz um grão de sarraceno com sabor especial, segundo o fabricante. O grão é torrado lentamente a fogo baixo, o que faz com que fique ao mesmo tempo crocante e ainda conservando o seu sabor naturalmente doce.
O tempo de infusão é de um minuto com água fervente, 100ºC. A cor do líquido é uma cor de palha suave e o sabor, reconfortante. Adorei o soba-tchá. E comer os grãozinhos é viciante!